terça-feira, junho 24

Experiências traumáticas podem marcar profundamente a vida de uma pessoa, influenciando pensamentos, sentimentos e comportamentos por muitos anos.

Seja em função de acidentes, perdas, violência, abuso, separações ou outras situações de forte impacto emocional, os traumas deixam feridas invisíveis que, muitas vezes, dificultam o desenvolvimento pessoal e prejudicam a qualidade de vida.

O sofrimento pode se manifestar em forma de ansiedade, medo, tristeza, insônia, irritabilidade, falta de confiança ou dificuldade em construir relações saudáveis.

Felizmente, é possível superar traumas com ajuda terapêutica e encontrar caminhos para reconstruir a vida com mais leveza e esperança.

O que é um trauma psicológico?

Trauma psicológico é o resultado de eventos que excedem a capacidade de enfrentamento do indivíduo naquele momento, gerando sensação de impotência, insegurança e ameaça à integridade emocional ou física.

Nem sempre o trauma está associado a grandes catástrofes: situações aparentemente corriqueiras, como bullying, rejeição, fracasso escolar ou brigas familiares, podem ser vividas de forma traumática, dependendo do contexto e da sensibilidade de cada pessoa.

O trauma pode ser único (resultado de um evento específico) ou complexo (repetição de situações difíceis ao longo do tempo).

Em ambos os casos, as memórias ficam registradas no corpo e na mente, dificultando a superação espontânea.

Sintomas comuns incluem flashbacks, pesadelos, evitação de situações semelhantes, reações intensas a gatilhos, alterações de humor, dificuldades de concentração e sensação de estar sempre em alerta.

Por que buscar ajuda terapêutica para superar traumas?

Apesar do tempo amenizar parte das dores, traumas não elaborados tendem a afetar diversas áreas da vida e podem evoluir para transtornos mais graves, como depressão, ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), fobias, dificuldades de relacionamento e até doenças psicossomáticas.

A terapia oferece um espaço seguro e acolhedor para ressignificar o passado, reconstruir a autoestima, aprender novas formas de enfrentamento e retomar o controle sobre a própria história.

O acompanhamento profissional possibilita lidar com emoções reprimidas, entender os impactos do trauma, desenvolver autocompaixão e construir estratégias para seguir em frente.

Como funciona o processo terapêutico para superar traumas?

Existem diversas abordagens e técnicas terapêuticas comprovadamente eficazes para tratar traumas psicológicos.

O percurso pode variar de acordo com o tipo de trauma, a gravidade dos sintomas, a personalidade e o ritmo de cada paciente. Entre os métodos mais utilizados estão:

1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A TCC é uma das abordagens mais indicadas para tratar traumas. O foco é identificar pensamentos automáticos, crenças negativas e comportamentos de evitação relacionados ao evento traumático.

Com o apoio do psicólogo, o paciente aprende a reestruturar interpretações distorcidas, enfrentar gradualmente situações temidas, praticar técnicas de relaxamento e desenvolver habilidades para lidar com emoções difíceis.

2. EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular)

O EMDR é uma técnica inovadora que utiliza movimentos oculares para estimular o processamento adaptativo das memórias traumáticas.

O paciente, guiado pelo terapeuta, acessa recordações dolorosas enquanto realiza movimentos com os olhos ou estimulações alternadas.

O método facilita a reorganização das lembranças, reduz a intensidade das emoções negativas e favorece o alívio dos sintomas.

3. Terapias de abordagem humanista e psicodinâmica

A escuta acolhedora, o fortalecimento do vínculo terapêutico e a valorização da história de vida são fundamentais nessas abordagens.

O terapeuta ajuda o paciente a compreender a origem do sofrimento, elaborar sentimentos reprimidos e resgatar a confiança em si mesmo e nas relações.

O tempo de tratamento varia conforme a necessidade de cada pessoa, sendo respeitado o ritmo do processo.

4. Técnicas de mindfulness e autocuidado

Práticas de atenção plena (mindfulness), respiração consciente e relaxamento são aliados importantes no tratamento dos traumas.

Elas contribuem para reduzir sintomas físicos, regular emoções e aumentar a sensação de segurança interna, permitindo que o paciente esteja mais presente no aqui e agora.

Benefícios de superar traumas com ajuda terapêutica

  • Redução dos sintomas de ansiedade, tristeza e irritabilidade
  • Melhora do sono e do bem-estar geral
  • Resgate da autoestima e da autoconfiança
  • Desenvolvimento de novas estratégias para lidar com desafios
  • Fortalecimento dos vínculos afetivos e sociais
  • Prevenção de recaídas e novos episódios traumáticos
  • Recuperação da esperança e do desejo de viver plenamente

Quando buscar terapia para traumas?

Não existe um prazo certo para procurar ajuda: o momento ideal é aquele em que a dor se torna difícil de suportar sozinho ou quando os sintomas começam a impactar a rotina.

Buscar apoio não é sinal de fraqueza, mas de coragem e cuidado consigo mesmo. Se você sente que precisa de orientação para entender e superar experiências dolorosas, não hesite em agendar uma consulta com um psicólogo.

Como escolher o profissional adequado?

  • Procure psicólogos registrados e com experiência em tratamento de traumas
  • Informe-se sobre abordagens e métodos utilizados
  • Verifique se você se sente acolhido e seguro durante as sessões
  • Dê tempo ao processo e respeite seu ritmo de evolução

Considerações finais: Como superar traumas com ajuda terapêutica

Superar traumas não significa esquecer o passado, mas sim aprender a conviver com as memórias de forma mais leve, ressignificar experiências e construir novos caminhos de vida.

Com ajuda terapêutica, é possível recuperar a confiança, retomar projetos e redescobrir a alegria de viver.

Não carregue sozinho o peso das experiências difíceis: o apoio profissional pode transformar a dor em crescimento, promovendo saúde mental, bem-estar e liberdade emocional.

Giselle Wagner é formada em jornalismo pela Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estagiária na rádio Rio de Janeiro. Depois, foi editora chefe do Notícia da Manhã, onde cobria assuntos voltados à política brasileira.