Dois estudos internacionais sobre a relação do álcool com a diminuição do risco de demência contestaram muitos outros estudos que apontam a piora de quadros neurológicos causada pelo consumo da substância.
Os resultados desses estudos — um liderado por cientistas do Centro para Envelhecimento Saudável do Cérebro, da Universidade de New South Wales, na Austrália, e o outro conduzido por um time de pesquisadores franceses e britânicos e publicado no British Medical Journal — apontam que o consumo moderado de bebidas alcoólicas causam um efeito protetor contra a doença.
Para você entender qual a relação da cerveja com esse efeito protetor antes de sair correndo para aproveitar promoções de bebidas, vamos mostrar os números e resultados desses estudos.
Boa leitura!
Pesquisa feita pelo Centro Para Envelhecimento Saudável na Austrália
Esse estudo envolveu uma ampla análise, que contou com pesquisadores de diversos países, avaliando dados de aproximadamente 25 mil participantes de 15 diferentes estudos epidemiológicos feitos em países de todos os continentes.
Os resultados publicados na revista científica Addiction apontaram que o consumo moderado de álcool após os 60 anos de idade pode reduzir as chances de demência.
Para chegar a esses números, os cientistas analisaram resultados de indivíduos que não consumiam quantidade alguma da substância e de pessoas que faziam consumo moderado da bebida.
Para os indivíduos de consumo moderado de bebidas alcoólicas, houve uma incidência de demência 38% menor em relação aos que não consomem quantidade nenhuma.
Estudo realizado por cientistas da França e do Reino Unido
Essa pesquisa, publicada no British Medical Journal, uniu cientistas franceses e britânicos para analisar dados de aproximadamente 10 mil pessoas.
Após as análises dos resultados, foi identificado que os indivíduos que consumiam cerca de 14 unidades de cerveja ou 7 taças de vinho por semana tiveram uma incidência 47% menor no desenvolvimento da demência quando comparado com os não consumidores de álcool.
No entanto, quando o consumo passou de 14 unidades de cerveja ou 7 taças de vinho durante uma semana, o risco de desenvolvimento da doença aumentou em 17%.
Conclusão
Depois de avaliar esses resultados, os cientistas de ambos os estudos se uniram e chegaram à conclusão de que a redução do risco de demência por meio de doses moderadas de álcool está ligada à capacidade que a substância tem de diminuir inflamações cerebrais e de ativar o sistema glinfático, responsável por depurar os resíduos no sistemas nervoso central.
Diante disso, foi concluído que o consumo de álcool em quantidades controladas, como 2 latas de cerveja por dia, age como um efeito que limpa as toxinas do cérebro e atua posteriormente como um protetor de neurônios.
Apesar desses resultados positivos, os pesquisadores também ressaltaram que esses números ainda não devem ser utilizados como insumos para indicação médica de álcool na prevenção da demência. Isso porque a substância é associada ao aumento de quadros patológicos cardiovasculares, sendo prejudicial para o cérebro de diversas maneiras.
Ou seja, a conclusão é uma balança entre benefícios e malefícios do álcool, sendo a segunda opção muito mais presente no consumo contínuo e/ou excessivo da substância.
Além disso, existem outras alternativas que diminuem a incidência da demência, podem diminuir os riscos da doença em até 43% e são saudáveis para o organismo, como ter uma alimentação saudável, permanecer com corpo e a mente ativos, não fumar, controlar o colesterol, a pressão arterial e a quantidade de açúcar no sangue.
Devido a isso, o uso moderado do álcool na prevenção da doença não se mostra válido ou vantajoso, já que pode oferecer mais malefícios do que benefícios ao organismo. Assim, se você quiser realmente se proteger contra a demência, o melhor caminho é uma vida cheia de hábitos saudáveis e de estímulos para seu cérebro.