sábado, novembro 23

Para os times de RH, pensar em retenção de colaboradores é tarefa crucial, afinal, os talentos são grandes triunfos das empresas. Mesmo com muitas empresas expandindo suas culturas mais inclusivas e com foco na pessoa e não apenas na força de trabalho, alguns perfis ainda enfrentam muitos desafios no mercado.

Representando 46,3% da força de trabalho no Brasil, segundo dados do IBGE, de 2020, as mulheres são um desses grupos que se deparam com muitas adversidades para chegarem em posições que almejam e decolar em suas carreiras.

Você já refletiu sobre esse tema? Reunimos alguns – dos muitos – desafios das mulheres no mundo dos negócios e do empreendedorismo. Confira!

Vida pessoal x trabalho

Um dos grandes desafios das mulheres é conciliar vida pessoal com carreira. A jornada dupla e até tripla das mulheres é um grande peso para administrar no dia a dia. Além do horário de trabalho, é preciso ter tempo para cuidar dos filhos, da casa, da aparência e das pessoas que a cercam.

Segundo estudo da CRESCER, 94% das mulheres sentem dificuldade para conciliar carreira com maternidade e isso pode gerar frustrações, sentimentos negativos e até mesmo culpa por ter que “escolher” entre vida pessoal ou trabalho.

Além disso, a maternidade ainda é um tabu em muitas empresas. Certamente, nenhum homem já ouviu em entrevistas de empregos quantos filhos ele possui e quais são suas idades (e caso tenha ouvido, isso nunca impactou em sua contratação). Já as mulheres se sentem na obrigação de “justificar” sua maternidade e sua conciliação com a carreira.

Salário

Mesmo com mesmo cargos e qualificações, as mulheres ganham menos do que os homens. Segundo dados do módulo de Rendimento, da PNAD Contínua, de 2019, profissionais do sexo masculino têm rendimento médio mensal 28,7% do que as mulheres.

Enquanto eles recebem R$2.555, acima da média nacional de R$2.308, as mulheres ganharam R$1985 de média no Brasil.

Preconceitos e discriminação

Outro grande desafio enfrentado no trabalho é a discriminação pelo simples fato de ser mulher no ambiente ou uma situação de poder. Para a profissional do sexo feminino é exigido muito mais que ela ateste sua capacidade em sua função a todo tempo.

Em muitas organizações, as mulheres não se sentem ouvidas por seus superiores e não têm em quem se espelhar na liderança, atuando apenas como força de trabalho e não de forma estratégica.

Além disso, em muitos locais a mulher é vista como “símbolo de beleza” no ambiente, sendo ignorada toda sua capacidade técnica e comportamental para desenvolvimento de planejamento, estratégias e trabalho.

Assédio

O assédio moral ou sexual é uma discussão crucial dentro – e fora – do ambiente de trabalho que afeta muitas mulheres em suas carreiras. Segundo levantamento feito pela consultoria Think Eva junto com o LinkedIn, 47% das brasileiras afirma ter sido vítima de assédio sexual em algum momento no ambiente profissional.

Mais do que sofrer no ambiente em que elas passam grande parte dos seus tempos, as mulheres sofrem caladas e sozinhas. De acordo com a mesma pesquisa, 78,4% das profissionais acredita que nada de fato acontecerá se denunciarem o crime dentro empresa.

Além disso, há também o medo de ser exposta (64%) ou de outras pessoas não acreditarem em sua palavra (60%). Essas vivências causam grandes transtornos psicológicos e tornam a mulher uma profissional mais frágil no ambiente, com medo, desânimo, queda de desempenho em suas funções e até mesmo ansiedade e/ou depressão.

Medo de falhar

Graças a todas as situações que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho, a perfeição e a cobrança se tornam ainda maiores para essas profissionais. É grande entre as mulheres o medo de errar e a falta de confiança para tentar novos horizontes.

As mulheres se candidatam a menos vagas do que os homens. Segundo o Informe de Percepção de Gênero, divulgado pelo LinkedIn em 2018, mulheres são mais seletivas ao se candidatar: elas tentam 20% menos vagas que os homens. Para as profissionais, elas sentem que precisam cumprir 100% dos requisitos solicitados pelos empregadores, enquanto os homens arriscam com 60%.

Mais do que isso, mesmo em posições de liderança ou destaque, muitas mulheres são vítimas da síndrome da impostora, ou seja, não aceitam sua posição, se auto sabotando em muitos casos pois não acreditam que merecem ou que são capazes de estar onde estão.

Ainda há um longo caminho dentro do mercado de trabalho para que as mulheres possam estar em pé de igualdade profissionalmente frente aos homens. Você já refletiu sobre essas questões? Como sua empresa trata as mulheres? Aproveite nossas colocações e pense sobre esses pontos !

Giselle Wagner é formada em jornalismo pela Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estagiária na rádio Rio de Janeiro. Depois, foi editora chefe do Notícia da Manhã, onde cobria assuntos voltados à política brasileira.